domingo, 25 de março de 2018

Adentrando "O Portal"

"Era uma vez... Aquela pessoa que já fomos, lembra? Bom, nem todo mundo se lembra de quem somos, muito menos de quem não somos mais. Essa é a história das pessoas que são, foram, nunca foram e sempre serão (...). O Portal é uma história jovem e eterna, que toca fundo no coração porque foi escrito com ele. Da ponta da pena à ponta da espada, é uma aventura de época para qualquer idade, ocasião, temperamento ou gosto musical "

Hoje a postagem é sobre mais um livro que li e amei muuuito: O Portal, de uma das escritoras que eu mais gosto, Eddie Van Feu. Já li muitos livros dela, grande parte da série Wicca (foi de onde a conheci, há uns 14 anos atrás, quando comecei a ler sobre o assunto), porém esse foi o primeiro livro ficcional que li da autora. Na verdade, é o primeiro romance que Eddie escreveu.



O livro começou a tomar forma em meados de 1990, porém somente em 2004 ele pôde ser finalizado e publicado, através da Editora Linhas Tortas (também da Eddie). Comprei o livro em 2016 na Bienal do Livro de São Paulo, onde eu finalmente a conheci (ela me inspirou muito, grande parte da minha decisão de ter feito jornalismo partiu da ideia de poder unir a profissão ao desejo de escrever). Na ocasião ela autografou o livro e me deu de brinde uma caneta-pena maravilhosa que guardo com muito carinho. Desde então, o livro ficou na minha prateleira, na fila de leitura (pois é, eu sou aquelas loucas dos livros e vou comprando mais do que consigo ler, mas ainda tenho esperança de colocar tudo em ordem um dia...). 


A história se passa em nossa época. Lorena, uma moça tímida e sem graça de 24 anos, se arrastava pela vida, buscando, mas não encontrando, seu lugar no mundo. De repente, um livro sobre um caso de possessão demoníaca no século XVII, onde um padre, Urbain Grandier, é acusado de pacto com o Diabo, cai de paraquedas em seu colo. A partir de então, Lorena não desgruda mais do livro. Outros personagens importantes são seu primo Marcel e seu amigo fiel Marcos, que descobre um portal para outra dimensão. Após essa descoberta, os três embarcam em uma aventura para encontrar o portal, até que adentram nessa famosa 'máquina do tempo' desconhecida. Ainda não percebendo que eles de fato atravessaram o portal e voltaram no tempo, começam a caminhar pelas ruas e percebem coisas estranhas, de outra época, e finalmente descobrem que foram parar justamente em Loudun, a cidadezinha na França do século XVII onde o padre Grandier era condenado injustamente. A partir de então, são narradas várias batalhas, descobertas e aventuras eletrizantes.

O que eu achei de "O Portal"?

Bom, eu sou um pouco suspeita para falar pois sou muito fã da Eddie e de tudo o que ela faz. Como mencionei acima, nunca havia lido nada dela além da parte esotérica e religiosa. Posso dizer que adorei!!! A escrita debochada já mostra logo de cara que é um livro da Eddie (quem lê/leu os livros da série Wicca, ou mesmo suas revistas, sabe que sua linguagem é bem próxima do público e bem entendível, por isso mesmo, muito fácil e gostosa), e a leitura é tão leve que automaticamente você se transporta para as páginas do livro, como se estivesse dentro da cena observando de perto os personagens. A história se passa no Rio de Janeiro, com jovens vivendo em uma sociedade igual a nossa, com dilemas e problemas iguais aos nossos e, de repente, voltam alguns séculos no passado, tendo que se virar com o que tinham e o pouco que conheciam da época. O mais legal da trama é que como ela acontece aqui, no século XXI, fica fácil se imaginar em uma aventura dessas. Já pensou se nós, de repente, tivéssemos a mesma oportunidade?!  Imagina que louco deve ser!!! Essa coisa de volta ao passado me lembrou muito a série Outlander, já que a personagem principal também volta ao passado através de um portal nas pedras da Escócia. 

Sobre os personagens, também preciso fazer alguns comentários. Eddie humaniza muito bem todos eles, mostrando sentimentos que são muito familiares. A espontaneidade e humor de Marcos, a timidez e falta de confiança de Lorena, o ego inflado e o jeito conquistador de Grandier e o sentimento de amor não correspondido de Marcel tornam esses personagens muito próximos de nós. Muitas vezes me vi descrita naqueles sentimentos e momentos de cada um. Os nomes franceses de outros personagens foram muito criativos, assim como a ambientação. Não sei dizer se a Eddie fez alguma pesquisa para os nomes, mas de qualquer forma ficou muito bacana. A história não tem um desfecho completo, mas até onde eu sei, há continuação na série de livros "Lua das Fadas", também da Eddie. 

O Portal virou um livro de cabeceira que eu vou guardar com muito carinho, pois merece ser lido novamente. Recomendo muito para quem já leu alguns livros ou revistas da Eddie, porque vale a pena conhecer um pouco de seu lado literário, e para quem ~ainda~ não conhece seu trabalho. Uma curiosidade é a capa. Lembro que li em algum lugar que Eddie sonhou com uma enorme borboleta azul e, por conta disso, resolveu materializar esse sonho justamente na capa do livro. Porém, a capa pode ter outras interpretações também, visto que a borboleta azul aparece na história; pra mim é como se a borboleta e a espada da capa representassem de alguma forma Lorena. 

É possivel encontrar o livro no site da Editora Linhas Tortas e também nas bienais do livro. Não tenho certeza, mas acho que a Eddie virá para São Paulo esse ano na Bienal, que provavelmente acontecerá em Agosto, então creio que seja uma ótima oportunidade para adquirir seu exemplar autografado e, de quebra, ganhar um abraço cheio de magia da escritora. 


Eddie Van Feu

.... E enquanto riam das bobagens que falavam, uma borboleta azul passou distraidamente entre eles.

Um comentário:

  1. Obrigada, Adriana! Fiquei super feliz em ver essa resenha! Espero recebê-la em outros mundos meus!

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